Sétimo ciclo
49
1 fevereiro 2024
Edição de Sofia Batalha
Ficha Técnica
Os artigos são da inteira responsabilidade do autor.
EDITOR
Sofia Batalha
DESIGN E PaGINAÇÃO
Sofia Batalha e Maria Trincão Maia
revisão
Margarida Trincão e Quelinha Caetano
crédito das fotos
Unsplash.com e fotografias dos autores
Sétimo Ciclo! Edição 49
Desbravamos por caminhos e metáforas fora dos fios da modernidade, abrindo caminho por entre as silvas e urtigas. Rasgamos e picamos a pele e, pela dor, sentimos o luto e a raiva de um mundo à beira do colapso. Abordamos os paradoxos e perversões da modernidade e das suas limitações cognitivas. Respiramos fundo e continuamos, aqui mesmo, à escuta das histórias, mitos, orações e gritos que nos nutrem e onde nos podemos aninhar e reconfigurar. Falamos, escrevemos e sentimos fora do (andro)antropocentrismo, das violentas ilusões de controle ou do crescimento económico perpétuo.
ESTE É O TERRITÓRIO DO FIM DO MUNDO.
Continuamos aqui! Insubordinadas e teimosas! Um brinde ao sétimo ciclo da revista que se inaugura com este número! Uma salva a todos que contribuem, aos que nos lêem e aos que se permitem ser tocados ali mesmo onde a alma parece esgaçar. A grande novidade deste ciclo que agora se inicia é o Convite Aberto: estar em relação – ecologia, arte e mistério. Convidamos a submissão de textos. Um convite a que nos enviem artigos que desafiem a categorias dos géneros literários ou disciplinas, cuja principal motivação é a curiosidade e a exploração territorial. Estamos interessados em artigos de diferentes práticas e interesses.
Ode a Gala
Maria trincão maia
Perco-me nos seus olhos azuis. O meu reflexo no seu olhar tranquiliza-me.
Espreguiça-se em cima da cama, como se fosse o seu território.
Enrosca-se mais um pouco, enquanto os raios de sol entram pela janela.
Encosta a sua cabeça no meu queixo e aninha-se. Descansa e eu descanso.
História da Medicina
Antonella Vignati
A História que estudamos na escola e nas Universidades é contada sempre a partir de um ponto de vista único: o ponto de vista masculino (e das etnias e classes dominantes).
Acabamos por aceitar inconscientemente a ideia de que a metade da humanidade seja um elemento marginal e irrelevante na sequência de grandes feitos, guerras e conquistas que constitui a verdadeira História Universal.
Transgressão
Maria José Pessoa
A dúvida é o risco de sermos corridos do jardim onde brincávamos, na infância, pela dona do rés-do-chão do prédio. É saber dessa tão evidente possibilidade e manter o desejo de viver o gozo de respirar junto à terra, por baixo do mar de hortênsias, num refúgio-tenda-abrigo verde com cheiro de vida.
A Riqueza do Parentesco Selvagem
Sofia Batalha
Mas comecemos pelo início, pelo conceito de mito. Ouvimos falar de Mitos, mas não percebemos bem o que é um mito–é uma palavra quase que mística, uma palavra meio misteriosa, não é? O que será um mito? Na verdade, os Mitos andam pelas ruas da amargura, porque o que é tido como um mito é algo para descartar, é mentira, ou não é factual, ou é puramente inventado, ou foi apenas imaginado. Esta ideia dos Mitos, numa sociedade racional como a nossa, é algo que tem uma carga muito negativa e depreciativa. Agora, quero que pensemos em conjunto sobre o que são realmente os Mitos.
Colunas desta Edição
Mitologia Criativa
ÉLIA GONÇALVES
“Tudo o que é Chão é Colo”
4 min. leitura
Ciclos da Terra e da Alma
ÍRIS LICAN GARCIA
“Devoção: do Devorar do Coração“
1 min. leitura
O Canto do Verbo
ANA ALPANDE
“Sonhar como um Animal”
4 min. leitura
Onde mora o coração, histórias e paisagens
ANA SEVINATE
“Os Sobreiros também choram”
2 min. leitura
Estórias Simples
PATRÍCIA ROSA-MENDES
“A Arte Perdida de Engraxar Sapatos”
5 min. leitura
O Cântico dos Cânticos
AMALA OLIVEIRA
“Escola das Almas Ardentes”
3 min. leitura
Entrelaçamentos Inegáveis
TELMA LAURENTINO
“A Benção do Plástico”
4 min. leitura
Workshop Vento e Água
Chá de Urtigas com Telma Laurentino
Uma cartografia ecossistémica das urticárias curadoras da modernidade.
Com Telma Laurentino – cientista, comunicadora e criativa. Conheça a sua voz na coluna “Entrelaçamentos inegáveis” na Vento e Água.
O animismo não é uma crença, mas uma visão do mundo: O mundo é um lugar sagrado e nós fazemos parte dele. A factualidade desta afirmação não é a questão. Dizer que o mundo é um lugar sagrado é fazer uma afirmação sobre valores, não sobre factos. É uma afirmação sobre o que se entende por “sagrado”, tal como “o dinheiro não compra a felicidade” é uma afirmação sobre o que se entende por “felicidade”. Para simplificar, o Animismo não é um sistema de crenças, é um sistema de valores.
– Daniel Quinn
Sofia Batalha
Eco-Mitologia e Ecopsicologia; Fundadora e Editora da Revista
Mamífera, autora, mulher-mãe, tecelã de perguntas e desmanteladora o capitalismo-global-colonial-tecnológico um dia de cada vez. Desajeitada poetiza de prosas, sem conhecimentos gramaticais.
Peregrina pelas paisagens interiores e exteriores, recordando práticas antigas terrestres, em presença radical, escuta activa, ecopsicologia, arte, êxtase, e escrita.
Certificada em Ecopsicologia e Mitologia Aplicada pela Pacifica University, nos EUA. Saber mais sobre mim aqui.
*Homenagear hystera. Recordar a capacidade de resposta. (des)aprender em conjunto.
Podcast Eco-Mitologia
Autora de 11 livros & 2 (Des)Formações
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