Sétimo ciclo
53
1 Agosto 2024
Edição de Sofia Batalha
Ficha Técnica
Os artigos são da inteira responsabilidade do autor.
EDITOR
Sofia Batalha
DESIGN E PaGINAÇÃO
Sofia Batalha e Maria Trincão Maia
revisão
Margarida Trincão e Quelinha Caetano
crédito das fotos
Unsplash.com e fotografias dos autores
7º ciclo - 2024
Revista 49 - 1 de Fevereiro
Revista 50 - 21 de Março
Revista 51 - 1 de Maio
Revista 52 - 21 de junho
Revista 53 - 1 de Agosto
Revista 54 - 21 de Setembro
Revista 55 - 1 de Novembro
Revista 56 - 21 de Dezembro
Ciclos Anteriores
Edição 53
Os quatro artigos desta edição convergiram organicamente numa linha comum, a dos monstros. Os monstros do passado que Dulcineia Pinto traz, os monstros da noite lembrados pela Maria, os monstros da psique moderna que volto a tecer neste número da revista, e Levitã, o monstro mítico do legado judaico-cristão, que Fabrice duBosc entrelaça com os desafios actuais. Várias metamorfoses monstruosas que filtram o nosso olhar e presença. Sendo que os monstros nos acompanham desde o início dos tempos, afinal são os nossos antepassados primordiais, que os possamos olhar apesar do susto ou da dissonância que nos possa causar. Que os arrepios que sobem pela espinha acima pela visão dos seus corpos imaginados e híbridos, nos abram espaço à metamorfose.
As Entranhas
Dulcineia Pinto
Visitar Las Medulas é como visitar um cemitério, bonito, silencioso e povoado de espíritos, contudo não posso esquecer toda a dor, mágoa e luto que o compõe. À medida que escrevo, resignifico muitas das palavras ditas pela Rosa, a minha guia, de como os indígenas se identificavam com o monte, eram o monte e da forma como me senti, frustrada e enraivecida pelos romanos que o destruíram.
Noite
Maria trincão maia
Acordo a meia da noite em casa do meu irmão, o meu sobrinho dá suficientes voltas na cama para que os seus pés estejam agora na direção da minha cara. A um movimento de ser ponteada por qualquer poder onírico. Durmo no chamado gavetão, a comum cama debaixo da cama das crianças para que possam receber alguém. Eu sou o seu alguém.
Ideologia de E-S-C-A-P-E
Sofia Batalha
Re-encontrei este acrónimo, E-S-C-A-P-E, nos meus mil cadernos de notas. E, apesar de este ser apenas uma pequena síntese desta proposta em responsabilidade e maturação, achei que estava no momento de a traduzir e partilhar. Isto porque os convites à jornada da Ecopsicologia e as peregrinações da Eco-Mitologia estão profundamente enredados com esta importante prática de discernimento. Um aprofundamento da lenta tomada de consciência de como estamos real e profundamente – cultural, metabólica e ecologicamente – enredados em múltiplos contextos que derramam uma série de pressupostos sobre “como o mundo funciona”.
Comer o Levitã
FABRICE OLIVIER DUBOSC
Todos os que estão culturalmente expostos à fabulação especulativa judaica e cristã podem ter alguma memória do stress pós-traumático de Job, quando, no diálogo interno do próprio Deus sobre “o humano”. Um anjo trapaceiro afirmou que Job era um servo tão fiel porque ainda não tinha sido levado à tentação, que tudo corria bem, demasiado bem para ele. E assim Deus tirara-lhe tudo, a família, os bens, a saúde. Os seus melhores amigos culpavam-no de tudo, “é o teu karma, os teus pecados, a tua postura… e a tua tarefa individual é assumires a responsabilidade pelo que fizeste de errado”, e continuaram a tentar explicar e encontrar um sentido para o seu sofrimento deficiente. Depois da morte de todos os seus filhos, a sua mulher disse-lhe para se calar, amaldiçoar Deus e morrer.
Colunas desta Edição
Mitologia Criativa
ÉLIA GONÇALVES
“Disseram-me as Alfarrobas”
4 min. leitura
Ciclos da Terra e da Alma
ÍRIS LICAN GARCIA
“Lealdade ao Selvagem”
1 min. leitura
Biografia dos dias sem princípio
INÊS PECEGUINA
“Mãos” – PARTE II
4 min. leitura
O Canto do Verbo
ANA ALPANDE
“Criar”
1 min. leitura
Onde mora o coração, histórias e paisagens
ANA SEVINATE
“Sobre a delicadeza e a metamorfose“
1 min. leitura
Mil-em-Rama
MARISTELA BARENCO
“Ver. Resistir. Interromper. Inventar”
3 min. leitura
Estórias Simples
PATRÍCIA ROSA-MENDES
“A veia no teu pescoço”
5 min. leitura
O Cântico dos Cânticos
AMALA OLIVEIRA
“O Vôo Mágico e a Profecia de Si“
3 min. leitura
Ecoespiritualidade
JORGE MOREIRA
“O (Re)nascer da Terra – Parte II”
3 min. leitura
No Espetro – Neurodiversidade
e Justiça Social
FÁTIMA MARQUES
“Demasiado bom para este Mundo“
4 min. leitura
Os quatro artigos desta edição convergiram organicamente numa linha comum, a dos monstros.
Os monstros do passado que Dulcineia Pinto traz, os monstros da noite lembrados pela Maria, os monstros da psique moderna que volto a tecer neste número da revista, e Levitã, o monstro mítico do legado judaico-cristão, que Fabrice duBosc entrelaça com os desafios actuais.
Várias metamorfoses monstruosas que filtram o nosso olhar e presença. Sendo que os monstros nos acompanham desde o início dos tempos, afinal são os nossos antepassados primordiais, que os possamos olhar apesar do susto ou da dissonância que nos possa causar.
Que os arrepios que sobem pela espinha acima pela visão dos seus corpos imaginados e híbridos, nos abram espaço à metamorfose.
Sofia Batalha
Eco-Mitologia e Ecopsicologia; Fundadora e Editora da Revista
Mamífera, autora, mulher-mãe, tecelã de perguntas e desmanteladora o capitalismo-global-colonial-tecnológico um dia de cada vez. Desajeitada poetiza de prosas, sem conhecimentos gramaticais. Peregrina pelas paisagens interiores e exteriores, recordando práticas antigas terrestres, em presença radical, escuta activa, ecopsicologia, arte, êxtase, e escrita.
Certificada em Ecopsicologia e Mitologia Aplicada pela Pacifica University, nos EUA. Identifico-me como pós-activista, fazendo parte do Advisory Board da The Emergence Network.
*Homenagear hystera. Recordar a capacidade de resposta. (des)aprender em conjunto.
Podcast Eco-Mitologia
Autora de 11 livros & 2 (Des)Formações
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