Workshops
Chá de urtigas!
Chá de Urtigas – Workshops Vento e Água
São convites cíclicos a bebermos chá, lembrando-nos de que nem todo o remédio é doce. Alguns chás precisam de conter amargura, mágoa e contradição, para que não só acalmem como despertem.
Um chá simultaneamente reconfortante e inquietante – um chá que nutre, mas que também agita algo profundamente desconcertante ou inacabado?
Não te deixesenganar pela denominação “workshop,” pois não são momentos de dicas, respostas prontas, ou dogmáticas. São espaços que expandem e contraem, que se diluem e se concentram em tentativas de delimitar os contornos da reduzida psique eurocentrada.
E às vezes nem são espaços, são tempos entre espaços, um compasso em que se fala da complexidade do mundo em palavras que, enquanto mergulhamos, adquirem novas subjectividades. Seja esta enigmática descrição o suficiente para vos aguçar a curiosidade. Não somos copywriters capazes de engajamentos massivos, somos mais poetisas de prosas animistas ou existencialistas, na tentativa de viver neste mesmo mundo em imanência.
Os Chá de Urtigas – Workshops Vento e Água não são gravados, existem apenas na presença viva do momento.
O valor é por donativo.

Próximos Chás de Urtigas

A Psique de Plástico e a Psique Não-Autóctone
com Sofia Batalha - 23 de Abril 2025 - Quarta-feira - 18h30 - 20h00 - online - por donativo
A Revista Vento e Água convida-te para mais um Chá de Urtigas ancorado Sofia Batalha. Encontras os vários artigos de Sofia Batalha aqui.
A Psique de Plástico e a Psique Não-Autóctone são duas faces da mesma ruptura. A Psique Não Autóctone é cortada do lugar. A Psique de Plástico é separada da decadência. Uma flutua, sem amarras, sem pertença relacional. A outra agarra-se, endurecida, recusando-se a dissolver-se no ciclo da vida.
Por isso, vamos emaranhá-las- aprofundando as formas como se reforçam e distorcem mutuamente, e como a modernidade depende de ambas.

Co-regulação - A importância de cuidarmos uns dos outros com Fátima Marques
ADIADO PARA DATA A DEFINIR POR MOTIVOS DE SAÚDE
A Revista Vento e Água convida-vos para mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Fátima Marques. Fátima Marques escreve a coluna No Espetro – Neurodiversidade e Justiça Social, e é fundadora dos projectos Co.Mover.Se e Saúde para Todos.

Chás de Urtigas Anteriores

Ecologia Mítica dos Monstros
7 de Março 2025 - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água convida-te para mais um Chá de Urtigas ancorado por Telma Laurentino e Sofia Batalha. Telma Laurentino escreve a coluna Entrelaçamentos Inegáveis, e encontras os vários artigos de Sofia Batalha aqui.

Dona Extinção e Senhorita Identidade com Ana Alpande
22 de Janeiro 2025 - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água convida-vos para mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Ana Alpande. Ana Alpande escreve a coluna O Canto do Verbo, e é Terapeuta de Trauma, Artista, Astróloga, Contadora de Histórias e autora do livro A Jornada da Heroina pelo Zodíaco.
Segue o link para te registares neste evento.

Neurodiversos - Todos neuróticos todos diferentes com Fátima Marques
21 de Novembro - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água convida-vos para mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Fátima Marques. Fátima Marques escreve a coluna No Espetro – Neurodiversidade e Justiça Social, e é fundadora dos projectos Co.Mover.Se e Saúde para Todos.

Ossos Sagrados - Educação eco-somática e animismo com Íris Lican
23 de Maio 2024 - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água celebrou mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Íris Lican. Íris Lican escreve a coluna Ciclos da Terra e Alma, e é Terapeuta e Educadora Psico-Somática, Formadora de Fertilidade Consciente, Yoga Terapeuta, Doula, Mulher Medicina, Herbalista, Artista de Dança, Autora, Investigadora e ecologista.

Chá de Urtigas com Telma Laurentino
7 de Março 2024 - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água celebrou mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Telma Laurentino. Telma escreve a coluna Entrelaçamentos Inegáveis, e é Bióloga, Educadora, Escritora, Artesã intuitiva. Trabalha em prol da Biodiversidade – Evolução & Genética – SocioEcologia – Educação inclusiva – Pertença.
No Workshop Vento e Água – Chá de Urtigas o convite era para uma cartografia ecossistémica das urticárias curadoras da modernidade.
Tal como as urtigas crescem nos muros, desafiamos epistemologias modernas e estéreis que nos aprisionam em ideias individualistas que suportam violências ecossistémicas. Crescemos entre as fissuras do muro, filosofias de emergência coletiva que valorizam as relações profundas e regenerativas, e entrelaçam o individual com o ecossistémico. Juntos, ouviremos profundamente as urtigas externas e internas que escondem, na urticária, a cura.
A Telma trouxe um poema de autoria própria de que vos deixamos algumas estrofes, podendo ser lido na íntegra na coluna dela nesta edição.
Sou Urtiga de terras modernas e urbanizadas.
Há quem me chame erva-daninha. Quem me odeie pela urticária que me defende de predadores e pegadas distraídas. Odeiam-me porque cresço em sítios “inconvenientes” onde o vento me plantou.
E foi através deste poema que traçamos a cartografia individual, conjunta, comunitária. Que a Telma recolheu e transformou num poema coletivo, como a própria escreve: em tom de manifesto, hino, feitiço, oração.
Acordo com medo, deito-me com urtigas
Acordo de manhã, violência ecossistémica:
Querer,
Crescer,
Extrair,
Tirar,
Receber.
Ó, coração conturbado…
Dizem-me as urtigas: afogas-te no teu individualismo e esqueces a medicina na
erva daninha.
Deixa-te picar!
Perder,
Chorar, Amar.
Acordo de manhã, com vontade de fazer perguntas que incomodam:
Ó, corpo conturbado…
Dizem-me as urtigas: Presta atenção!
De quem te esqueces nos teus consumos confortáveis?
A quem falta
Nutrir,
Cuidar,
Escutar, Amar.
Acordo de manhã, para abrir e sustentar conversas difíceis:
Ó, mente conturbada…
Dizem-me as urtigas: Que labuta e sofrimento invisibilizastes para vosso conforto?
Para
Explorar,
Habitar,
Sem culpa nem responsabilidade.
Acordo de manhã, e posso escolher não saber:
Ó, privilégio conturbado…
Dizem-me as urtigas: Coragem! Deserta o individualismo e re-tece na tua teia os indivíduos que olvidas, ervas-daninhas, mineiros, água, vítimas de guerra,
algodão, estrume, ovelha…
Piquemo-nos! para
Renascer,
Reencontrar, Respirar.
Deito-me á noite, indagando qual o equilíbrio entre desculpabilização e
responsabilização,
cheia de certezas, medos mascarados de razão, que não me deixam Aninhar,
Devocionar,
Orar,
Aprender, Ser.
Ó, ecossistema conturbado…
Dizem-me as urtigas: não tenhas medo.
A mudança sustentável nutre-se da criatividade, que vive na pergunta. As picadas estimulam, aquecem, melhoram a circulação, acordam-nos a
capacidade de sonhar diferente.
Fecho os olhos, e sonho com urtigas.
Um poema ecossistémico com vozes de: Urtica, Telma, Sofia, Maria, Iolanda, João, Sílvia, Fernanda, Luísa, Inês, Patrícia, Maria, Marisa.