Workshops
Chá de urtigas!
Em mês de Março de 2024, que demos início a uma nova vertente da Revista Vento e Água. Há falta de nomes mais originais, que nem sempre a originalidade é chamativa ou fácil, demos o título de Chá de Urtigas – Workshops Vento e Água.
Não se deixem enganar pelo domínio do Workshop, não são sítios de dicas, respostas prontas, ou mesmo dogmáticos. São espaços que expandem e contraem, que se diluem e se concentram em tentativas de delimitar os contornos da limitada psique eurocentrada.
E às vezes nem são espaços, são tempos entre espaços, um compasso em que se fala da complexidade do mundo em palavras que, enquanto mergulhamos, adquirem camadas. Seja esta enigmática descrição o suficiente para vos aguçar a curiosidade, para ficar atentos aos mais que se aproximam. Não somos copywriters capazes de engajamentos massivos, somos mais poetisas de prosas animistas ou existencialistas, entre a tentativa de viver neste mesmo mundo em imanência.
Relembramos que os nossos Workshops Vento e Água não são gravados, queremos-vos em presença.
O valor é por donativo.
Próximos Chás de Urtigas
Neurodiversos - Todos neuróticos todos diferentes com Fátima Marques
21 de Novembro - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água convida-vos para mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Fátima Marques. Fátima Marques escreve a coluna No Espetro – Neurodiversidade e Justiça Social, e é fundadora dos projectos Co.Mover.Se e Saúde para Todos.
Dona Extinção e Senhorita Identidade com Ana Alpande
22 de Janeiro 2025 - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água convida-vos para mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Ana Alpande. Ana Alpande escreve a coluna O Canto do Verbo, e é Terapeuta de Trauma, Artista, Astróloga, Contadora de Histórias e autora do livro A Jornada da Heroina pelo Zodíaco.
Segue o link para te registares neste evento.
Co-regulação - A importância de cuidarmos uns dos outros com Fátima Marques
19 de Fevereiro 2025 - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água convida-vos para mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Fátima Marques. Fátima Marques escreve a coluna No Espetro – Neurodiversidade e Justiça Social, e é fundadora dos projectos Co.Mover.Se e Saúde para Todos.
Chás de Urtigas Anteriores
Ossos Sagrados - Educação eco-somática e animismo com Íris Lican
23 de Maio 2024 - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água celebrou mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Íris Lican. Íris Lican escreve a coluna Ciclos da Terra e Alma, e é Terapeuta e Educadora Psico-Somática, Formadora de Fertilidade Consciente, Yoga Terapeuta, Doula, Mulher Medicina, Herbalista, Artista de Dança, Autora, Investigadora e ecologista.
Chá de Urtigas com Telma Laurentino
7 de Março 2024 - 19h30 - 21h00
A Revista Vento e Água celebrou mais um Chá de Urtigas ancorado por uma das nossas queridas colunistas, Telma Laurentino. Telma escreve a coluna Entrelaçamentos Inegáveis, e é Bióloga, Educadora, Escritora, Artesã intuitiva. Trabalha em prol da Biodiversidade – Evolução & Genética – SocioEcologia – Educação inclusiva – Pertença.
No Workshop Vento e Água – Chá de Urtigas o convite era para uma cartografia ecossistémica das urticárias curadoras da modernidade.
Tal como as urtigas crescem nos muros, desafiamos epistemologias modernas e estéreis que nos aprisionam em ideias individualistas que suportam violências ecossistémicas. Crescemos entre as fissuras do muro, filosofias de emergência coletiva que valorizam as relações profundas e regenerativas, e entrelaçam o individual com o ecossistémico. Juntos, ouviremos profundamente as urtigas externas e internas que escondem, na urticária, a cura.
A Telma trouxe um poema de autoria própria de que vos deixamos algumas estrofes, podendo ser lido na íntegra na coluna dela nesta edição.
Sou Urtiga de terras modernas e urbanizadas.
Há quem me chame erva-daninha. Quem me odeie pela urticária que me defende de predadores e pegadas distraídas. Odeiam-me porque cresço em sítios “inconvenientes” onde o vento me plantou.
E foi através deste poema que traçamos a cartografia individual, conjunta, comunitária. Que a Telma recolheu e transformou num poema coletivo, como a própria escreve: em tom de manifesto, hino, feitiço, oração.
Acordo com medo, deito-me com urtigas
Acordo de manhã, violência ecossistémica:
Querer,
Crescer,
Extrair,
Tirar,
Receber.
Ó, coração conturbado…
Dizem-me as urtigas: afogas-te no teu individualismo e esqueces a medicina na
erva daninha.
Deixa-te picar!
Perder,
Chorar, Amar.
Acordo de manhã, com vontade de fazer perguntas que incomodam:
Ó, corpo conturbado…
Dizem-me as urtigas: Presta atenção!
De quem te esqueces nos teus consumos confortáveis?
A quem falta
Nutrir,
Cuidar,
Escutar, Amar.
Acordo de manhã, para abrir e sustentar conversas difíceis:
Ó, mente conturbada…
Dizem-me as urtigas: Que labuta e sofrimento invisibilizastes para vosso conforto?
Para
Explorar,
Habitar,
Sem culpa nem responsabilidade.
Acordo de manhã, e posso escolher não saber:
Ó, privilégio conturbado…
Dizem-me as urtigas: Coragem! Deserta o individualismo e re-tece na tua teia os indivíduos que olvidas, ervas-daninhas, mineiros, água, vítimas de guerra,
algodão, estrume, ovelha…
Piquemo-nos! para
Renascer,
Reencontrar, Respirar.
Deito-me á noite, indagando qual o equilíbrio entre desculpabilização e
responsabilização,
cheia de certezas, medos mascarados de razão, que não me deixam Aninhar,
Devocionar,
Orar,
Aprender, Ser.
Ó, ecossistema conturbado…
Dizem-me as urtigas: não tenhas medo.
A mudança sustentável nutre-se da criatividade, que vive na pergunta. As picadas estimulam, aquecem, melhoram a circulação, acordam-nos a
capacidade de sonhar diferente.
Fecho os olhos, e sonho com urtigas.
Um poema ecossistémico com vozes de: Urtica, Telma, Sofia, Maria, Iolanda, João, Sílvia, Fernanda, Luísa, Inês, Patrícia, Maria, Marisa.