Ecoespiritualidade
Coluna de Jorge Moreira
1 MIN DE LEITURA | Revista 56
Há uma Luz para lá do sonho
Há uma Luz para lá do sonho
Uma Luz doce que aquece o sorriso das aves.
Ela embala a dança das flores
Alumia que nem trança
As filigranas de amor
Eternamente, somente, num suspiro e sem pudor
Uma luz doce que é alento áureo
Matizada e perfumada pelo incenso
Do olhar no espanto,
Da fonte abismal dos céus ancestrais,
Dos céus vindouros e dos eternos astrais
Júbilo dos átomos, que da poeira fazem gente
E lapidam deuses em diamantes
Luz metamorfose do lodo e do todo
Converte borboletas do plexo solar
Em clarões livres de amor
Como beijos telúricos que além do sabor
Nascem despidos da essência polar
E de tão puros que são
É necessário não mais do que um outro olhar,
Para além do horizonte, para além do mar
Uma Luz doce que ampara o eterno
Na ternura da anima mundi
Seus raios soltam-se das entranhas,
Mas não estranhas
É a consciência imaculada que brota de lugar algum
Onde o eu e tu não existe
Mas onde tu e eu somos (n)a realidade
Luz doce que reflete a serenidade da Sofia
Una, que (re)liga, que leva à Verdade
É reverenciada como Luzia
É Ísis desvelada, encantada e amada
Sem a penugem do Cosmos e sem o Cronos irreal
Ela é a fonte de todos os peregrinos
E o oceano dos navegantes do Sopro Real
Há uma Luz para lá do sonho
Uma Luz doce que aquece o sorriso das aves.
Ela embala a dança das árvores
Lanterna-guia da vida
E do seu esplendor
Eternamente, somente, num suspiro encantador
Uma luz doce que aquece a montanha
Que mostra o caminho e a subtileza
Oculta que reside no ser,
Atenta ao um olhar penetrado, ligado, emancipado
É presença de poetas e místicos e daquele ser Alado
É a fonte de todo o amanhecer, do acontecer
De todo aquele que se sente inspirado.
Há uma Luz para lá do sonho
Uma Luz doce que o Absoluto deu à Luz
E dessa Luz brotou o olhar puro
Contido no clamor do nascimento e do crescimento
Éons e Ciclos passados, futuros retomados,
Vividos, sofridos e jubilados
Até que a Luz sem sair voltou
E a Luz doce veio iluminar a face do próprio Absoluto
Para citar este artigo:
MOREIRA, Jorge. Há uma Luz para lá do sonho. Vento e Água – Ritmos da Terra, https://ventoeagua.com/revistas-online/revista-56/ha-uma-luz-para-la-do-sonho/, número 56, 2024
Uma Luz doce que ampara o eterno
Na ternura da anima mundi
Seus raios soltam-se das entranhas,
Mas não estranhas
É a consciência imaculada que brota de lugar algum
Onde o eu e tu não existe
Mas onde tu e eu somos (n)a realidade
Jorge Moreira
Ambientalista e Investigador
Licenciado em Ciências do Ambiente, Minor em Conservação do Património Natural, mestre em Cidadania Ambiental e Participação, pela Universidade Aberta, e Doutorando em Sociologia pela Universidade de Coimbra. É bolseiro FCT e investigador do Centre for Functional Ecology, Science for People & the Planet da Universidade de Coimbra.
É vice-presidente da FAPAS - Associação Ambientalista para a Conservação da Biodiversidade; dirigente da Sociedade de Ética Ambiental, dos movimentos cívicos Alvorecer Florestal e Aliança pela Floresta Autóctone.
É autor de vários artigos dedicados ao ambiente e voluntário em inúmeras ações de defesa, conservação, promoção e recuperação do património natural.
Tem desenvolvido investigação nas áreas da Ética Ambiental, Educação Ambiental, Sustentabilidade, Alterações Climáticas, Ecologia Profunda e Ecologia Espiritual, onde tem realizado conferências e promovido os temas.
shakti@sapo.pt