O Canto do Verbo
Coluna de Ana Alpande1 MIN DE LEITURA | Revista 43
Saí de casa para…
Saí de casa
para
escutar
o
meu eco
livre
da projecção de si mesmo.
Saí de casa
porque,
a casa
confina
protege
o que em mim – só
sobrevive
em
quatro paredes.
Saí de casa
porque,
as palavras
estavam
viciadas
e
o ar
já não transbordava
promessa
nem
possibilidade.
Quem somos nós?
Para lá das paredes
que confinam
e
protegem
as imagens
de nós
mesmos.
Quem somos nós?
Quando
o vento agride
o equilíbrio
e
desafia
o viciado
sistema
vestibular.
Quem somos nós?
Quando
a estrela polar
é
capaz
de
indicar,
não quem somos,
mas
onde estamos?
Quem somos nós?
Quando
o verbo Ser
perde
seu obsessivo trono
e
Estar
passa a ser corpo,
contorno volumoso
relação viva
e
co
dependente.
Seremos então, os contornos
definidos
pelo brilho
de
uma estrela?
Uma dança de elementos
imprevisível
nascendo
e
morrendo
uma
e
outra
vez,
enquanto
os olhos do tempo
derramam suas lágrimas
ausência…
Será a estrela polar
grande anciã
a que sustenta a lanterna,
a que liberta o eco,
a que ilumina
a estrada de regresso – casa?
De regresso,
ao coração do tempo.
Ao perigoso
desconhecido
agora.
Seremos então, os contornos
definidos
pelo brilho
de
uma estrela?
Ana Alpande
Colunista e Autora regular da Revista
Terapeuta de Trauma, Artista, Astróloga, Contadora de Histórias
A minha missão é dizer não ao desperdício da beleza e procurar contribuir para uma estética que promova a criação de espaços quotidianos que fertilizem o território da Alma.
Actuo como educadora, terapeuta de trauma e facilitadora de grupos terapêuticos de expressão artística e co-regulação emocional.
O principal foco de estudo e reflexão de momento é o trauma individual, transgeracional e colectivo, tendo como pano de fundo a questão do vínculo, nas suas variadas afetações e expressões.