artigo de isabel angélica
O meu corpo é um Templo e tudo o que faço é um acto sagrado
4 MIN DE LEITURA | Revista 35
O meu corpo é um Templo e tudo o que faço é um acto sagrado.
A forma como respiro, como falo, como me movimento, como lido com os demais e como ocupo o meu lugar na Vida é um acto sagrado.
Esta será a lição mais valiosa que aprendi em mais de 30 anos de caminho de autodescoberta e cura, e mais de 10 como responsável pela Escola Iniciática de Desenvolvimento Humano e Espiritual.
Mas antes de chegar a esta realização de que o meu corpo é um Templo e tudo o que faço é um acto sagrado, tive primeiro de entender que o caminho do desenvolvimento espiritual não acontece fora da experiência do corpo mas sim dentro do corpo e através dele.
E a segunda lição maior que aprendi foi a que o meu corpo é o um altar – o meu altar – onde o meu Espírito se manifesta em comunhão com tudo o que me rodeia na conexão física e anímica com as Árvores, as Águas, o Fogo, os Animais e os outros Seres Humanos.
Vem então a consciência de que tudo o que faço, digo, emano e penso é um acto sagrado… e que o meu corpo é o altar onde este acto devocional constante acontece em cada inspiração e em cada expiração.
Durante anos (e se calhar séculos) esqueci-me da importância do meu corpo. Talvez porque uma cultura judaico-cristã me cortou em duas partes doutrinando-me que tenho uma parte inferior da cintura para baixo que se perde nos apegos, devassidões e prazeres carnais… e também me ensinou que a bondade do coração e que a servidão aos demais seria o caminho para o Céu. Queria voltar para Casa (Céu) pois o peso do corpo trazia-me memórias de sofrimento.
Mas re-aprendi que é no corpo que sinto e processo as minhas emoções, as minhas decisões intuitivas e racionais, e é através dele que sinto a emoção e a paixão.
O meu corpo de mulher alberga mistérios que me fazem sangrar todos os meses e que esse sangue tem Vida… e que é esse sangue que me permite ter Vida, pois ele vem do útero que gerou o útero que me gerou a mim.
O meu corpo de mulher roliço, imponente e altivo fala de uma história de resgate de poder pessoal e amor-próprio.
O meu corpo de mulher ensinou-me que, embora não tenha gerado filhos, é um vórtice de criatividade incessante ao serviço da Vida, para a Vida e com a Vida, onde o Céu e a Terra se cruzam e comunicam.
Também tem sido este corpo de mulher que me tem revelado o oráculo que habita no meu ventre e que não conseguia escutar com clareza pois estava cheio de informação de dor, de abandono, de traição e profunda tristeza.
Antes de poder consagrar o meu corpo como altar para cada acto sagrado que expresso, precisei mergulhar nele e fazer uma arqueologia profunda de tudo o que ele guardou ao longo desta e de outras vidas e que me pediam cura e transformação.
Uma viagem profundamente transformadora que só o Caminho Iniciático da Serpente pôde
facilitar, não fosse ela o meu animal de poder e a energia telúrica da Deusa à qual me consagrei como Sacerdotisa e que se expressa neste território de Portugal como Ophiussa. Um caminho ao qual me entreguei numa resposta intuitiva a uma memória antiga que guardei nas minhas células e que sempre me disse que este tempo iria chegar.
Nos olhos da Serpente vi a minha vítima, o meu drama, a minha sombra e as minhas dores. Recebi o seu veneno para limpar e purgar o que não me servia mais; e recebi o seu veneno para finalmente sanar o que estava doente por séculos de abuso e anulação do meu amor próprio e poder pessoal. Muitas vezes o eu antigo chamava por mim… dizia-me que era mais confortável ficar na dor e na autocomiseração… que lidar com essa dor me iria fazer sofrer mais e que isso não era bom para mim… Senti algumas vezes o apelo de continuar agarrada à Isabel que, por carência, alimentava relações doentias e desvirtuadas… que suportava maus tratos e abusos para se sentir amada…
Na voz sibilada da Serpente escutei o que o meu ego não queria ouvir, mas também comecei a abrir espaço para escutar a voz antiga que me chamava há muito tempo… a voz da Mãe a chamar por mim, tal como tem chamado as Suas filhas.
Despojada, desapegada, perdida e a tocar momentos de profunda solidão, era a Serpente que me instruía com a sua acção assertiva e directa. Mergulhei nas dores mais profundas e limpei, chorei, purguei e suei tudo o que precisava sair para me despir, finalmente, da Isabel que criei para sobreviver ao impensável mas que já não me servia mais. Tal como a Serpente, passei pelos caminhos mais estreitos e sombrios para finalmente perder uma pele grossa de dor e começar, por fim, a ver uma nova pele fina e sensível, delicada e preparada para ser o que quisesse…
Chegava o momento de ocupar o lugar dentro do meu próprio corpo.
Chegava o momento de realizar a partir do meu Centro que sou a única responsável pela minha Vida e por tudo o que faço, digo, emano e penso…
Chegava o momento de dizer SIM à Vida e começar a descartar a não-vida.
Chegava o momento de me permitir brilhar na minha nova pele onde me tornei soberana numa reaprendizagem da humildade, vontade, sinceridade e integridade.
Chegava o momento de viver o meu corpo como um altar e incorporar a Sacerdotisa que sabe, sente, vê e manifesta a sua vida como um acto sagrado.
Neste Caminho Iniciático da Serpente que fiz comigo mesma recolhi as ferramentas de me colocar ao Serviço dos demais a partir da partilha e não da servidão, podendo começar a apresentar a proposta para que qualquer um que assim o deseje se apresente na porta do seu próprio Templo e inicie o Caminho Iniciático da Serpente de retorno ao corpo que é o altar e o pilar da Nova Humanidade na Terra.
O caminho da cura acontece no corpo, de dentro para fora… e é nesse espaço do cálice que o corpo se manifesta como um Templo e tudo passa a ser um acto sagrado.
Despojada, desapegada, perdida e a tocar momentos de profunda solidão, era a Serpente que me instruía com a sua acção assertiva e directa
Isabel Angélica
Sacerdotisa da Grande Mãe e de Lys
Sou Isabel de batismo terreno e Angélica de batismo espiritual.
Encetei a busca espiritual aos 17 anos e desde essa altura que desenvolvo constantemente as minhas diversas mediunidades. Formei-me e exerci Jornalismo e desde 2008 que sou a CEO da Escola Iniciática de Desenvolvimento Humano e Espiritual.
Sou Sacerdotisa da Grande Mãe e de Lys (conectada a Ophiussa e aos Dragões), Mulher de Medicina, Terapeuta, Instrutora da Nova Era, Activadora e Manifestação do Fogo do Raio Azul. Faço ainda caminho com as Medicinas da Terra, sou Buscadora de Visão de 13 dias e noites no Caminho Vermelho (Fuego Sagrado de Itzachilatlan), portadora de Channupa Sagrada e Temazcaleira, tendo recebido em 2021 o nome espiritual A QUE VOA COM OS DRAGÕES.
Dedico-me à arqueologia das emoções humanas pois sou uma profunda apaixonada pela possibilidade de transformarmos a dor em dom. Por isso, também me dedico ao trabalho de Shadow Work e Acompanhamento na Vida e na Morte como Doula e Parteira de Almas. Desta grande alquimia nasceu, a partir de 2011, um trabalho de transformação e formação intensiva intitulado de Caminho Iniciático da Serpente®.
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